sábado, 28 de março de 2009

Angiogênese - esperança no combate ao câncer


Uma das áreas mais promissoras das pesquisas de combate ao câncer é aquela que tem centrado seus esforços na área da angiogênese. Como se sabe, para que o tumor possa prosperar, ele deve se alimentar - e muito - de energia proveniente da circulação sangüínea. Pesquisas têm demonstrado que o câncer, uma vez em ação, secreta sinais químicos (como o VEGF), que induz a formação de nova vascularização ao seu redor (angiogênese), garantindo, pois, o suprimento de energia necessária para o seu desenvolvimento.

Recentemente, estudos têm sido apresentados na área do combate à angiogênese, sobretudo na capacidade de se interferir na síntese de VEGF. O AVASTIN, droga recentemente descoberta e comercializada, tem como princípio ativo a inibição de sinais químicos que favoreçam a angiogênese.

O mais interessante de tudo isso é que certos alimentos que ingerimos possuem substâncias fitoquímicas capazes de interferir direta ou indiretamente na produção do VEGF e, conseqüentemente, na angiogênese. Segundo o Dr. Richard Béliveau, famoso bioquímico canadense que tem desenvolvido pesquisas inovadoras sobre o poder de alimentos no combate ao câncer, alimentos como o chá verde, a raiz cúrcuma, a soja, uvas e frutas vermelhas, e alimentos ricos em ômega-3, possuem propriedades anti-angiogênicas. Ministrados em doses elevadas em ratos de laboratório, alguns estratos desses alimentos reduziram significativamente o desenvolvimento de tumor naqueles animais, segundo o Dr. Béliveau.

Vale, portanto, a dica: consuma chá verde diariamente, troque o tempero tradicional de sua comida (ou salada) por cúrcurma, consuma muita uva (e vinho tinto moderadamente), frutas vermelhas (morango, amoras, framboesas, mirtilos, airelas...), e tome bastante missoshiro com tofu!

Maiores informações sobre o Dr. Béliveau pode ser encontradas no sítio: www.richardbeliveau.org

domingo, 1 de março de 2009

EUA indicam remédio para prevenir câncer de próstata

EUA indicam remédio para prevenir câncer de próstata
Usada para tratar calvície, finasterida reduz em 25% o risco de tumor maligno


Recomendação se apoia em estudo com 18.882 homens; especialistas se dividem sobre o uso da droga, que pode gerar disfunção sexual

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) e a Associação Americana de Urologia (AUA) divulgaram no dia 24 a primeira recomendação de um remédio para a prevenção do câncer de próstata.
A orientação prevê que homens saudáveis usem finasterida para prevenir esse tipo de tumor -procedimento que a Asco definiu como "quimioprevenção". O remédio já é utilizado atualmente no tratamento da calvície e do crescimento benigno da próstata.
A recomendação tem como base o PCPT (Prostate Cancer Prevention Trial), estudo realizado nos Estados Unidos e no Canadá com 18.882 homens com idade acima de 55 anos e sem sinal de câncer de próstata.
Durante sete anos, parte dos participantes tomou finasterida e parte, placebo. Constatou-se que o uso do remédio reduziu em cerca de 25% o aparecimento do câncer.
O resultado, porém, foi acompanhado de uma polêmica: aparentemente, os homens que tomaram finasterida e tiveram câncer de próstata apresentavam tumores mais agressivos. Estudos posteriores mostraram que, como esses participantes tinham a próstata reduzida pela finasterida, era mais fácil encontrar nas biópsias deles tumores agressivos. Além disso, os pesquisadores relataram que esses tumores eram detectados antes no grupo que tomou o remédio do que no grupo que recebeu placebo.
"O tempo mostrou que a finasterida deixa essas células com uma aparência mais "feia", mas é só uma alteração morfológica, elas não ficam mais agressivas. Houve uma polêmica que dividiu os médicos, mas ela vai acabar. Se a AUA adotou essa recomendação, é porque as evidências a favor da finasterida são muito fortes", avalia o urologista Miguel Srougi, professor titular da USP.
Mas, para outros especialistas, ainda há algumas perguntas em aberto. "Uma delas é: a finasterida só evita o câncer mais leve, e não o mais agressivo? Outra: qual o resultado da finasterida depois de sete anos? Há indício de que, após esse período, a proteção diminua", afirma Stênio de Cássio Zequi, cirurgião pélvico do Hospital do Câncer A.C.Camargo.
O urologista Carlos Eduardo Corradi, chefe do departamento de uro-oncologia da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), considera a recomendação norte-americana precoce. "Estudos com o câncer de próstata demoram muitos anos para apresentar resultados e o PCPT não teve a conclusão final ainda. A gente não sabe o que pode acontecer a longo prazo."

Desvantagens
As entidades norte-americanas recomendam que homens que já tomam finasterida e aqueles que têm PSA total até 3 conversem com seus médicos sobre os prós e contras de tomar o medicamento a longo prazo. No Brasil, o PSA total é considerado saudável até 2,5, mas isso varia de acordo com outros fatores, como o tamanho da próstata do paciente e o índice de PSA livre.
Uma desvantagem do remédio é que ele pode gerar disfunção sexual e crescimento da mama. De acordo com Zequi, esses efeitos costumam atingir cerca de 3% dos pacientes.
Para os especialistas ouvidos pela Folha, o uso do medicamento deve ser indicado para homens que integrem grupos de risco. Ter um parente de primeiro grau com a doença eleva em duas vezes o risco de desenvolver câncer de próstata. Além disso, a incidência da doença parece ser maior em negros, de acordo com Srougi.
Ele ressalta que, atualmente, os urologistas não têm à disposição nenhum outro método preventivo para o câncer de próstata. Há alguns anos, acreditou-se que o licopeno (substância que confere a cor vermelha do tomate), o selênio e a vitamina E teriam um efeito protetor, mas levantamentos recentes mostraram que ainda não há evidências suficientes nesse sentido.
Procurado pela reportagem, o Inca (Instituto Nacional de Câncer) respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comenta pesquisas que não tenham tido participação do corpo clínico do órgão.