sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Minha cura




Comemoro, no mês de outubro de 2011, meu aniversário de 2 anos de cura! O tempo voa, mas as lembranças do diagnóstico e do tratamento permanecem para sempre.

Fui diagnosticado com seminoma no final de 2008. Um tipo diferente de seminoma que não atacou os testículos, mas o retroperitôneo. Tendo em conta a virulência de alguns tipos de tumores de retroperitôneo, o diagnóstico de seminoma soou, por fim, como um alívio: tratava-se de um dos tipos de neoplasia mais sensíveis ao tratamento quimioterápico. Fiz 3 ciclos de BEP no Einstein, em SP, seguido de cirurgia de RLND ao final, uma vez que o tumor revelou-se resistente à cisplatina do BEP. Ainda no Einstein, fui encaminhado para novo ciclo (4x) de TIP, um protocolo muito mais agressivo, que exige internação. Ao final do tratamento, em junho de 2009, o exame PET levantou uma dúvida - existia ainda captação glicolítica na região, o que poderia ser explicado pela existência de uma fibrose (muito comum após a quimioterapia), ou a permanência ativa do câncer.

Em busca de novas opiniões, deixei o Brasil e rumei aos EUA, com direção a Portland, OR, onde se encontrava um dos maiores especialistas em seminoma, o Dr. Craig Nichols. Ele é também o oncologista que tratou e curou o ciclista norte-americano heptacampeão do Tour de France, Lance Armstrong. Nichols, além de excelente médico, revelou-se também um amigo e um grande ser humano. Ao examinar meu caso, optou pela cirurgia, que retiraria a massa residual e avaliaria sua etiologia.

Em 2 de outubro de 2009 fiz minha segunda RLND, em Portland. Desta vez, o resultado não poderia ter sido mais positivo: meu tumor havia sumido e aquela captação glicolítica de meses atrás não passava de uma fibrose. Fim de sofrimento e início de um período de recuperação e de teste, na esperança, sempre, de uma cura definitiva.

Os dois anos que se passaram foram marcados pela vitória e comemoração. O seminoma realmente desapareceu. Ainda tenho, claro, mais três anos pela frente de acomodação e exames periódicos. Mas cada dia vencido é, para mim, um momento de criação e afago à vida. Um traço que simboliza os anos pós-câncer é o medo. A qualquer sintoma diferente você se vê novamente com a possibilidade da volta do câncer, e todo o processo doloroso que o mesmo traz. O medo, também, vai, aos poucos, se esvaindo, mas carrega meia década de vida com ele. O medo é ainda meu maior inimigo.

Aos que hoje se encontram frente a um tratamento, desejo muita força e paciência. Acima de tudo, muito protagonismo.

Saúde a todos.


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